Os presidentes do Brasil têm iludido o povo com ‘slogans mágicos’, que podem ser interpretados como propósitos para serem realizados pelo governo durante o mandato. Os últimos governos e o atual apregoaram: ‘País sem pobreza’, ‘Pátria educadora’ e ‘Ordem e progresso’. Apenas em discurso. A miséria continua, o país não foi educado e permanece em desordem.

Para uma nação com a dimensão do Brasil e a gama de problemas que tem, o propósito deve ser: crescer de modo sustentável, respeitando as três dimensões da sustentabilidade (econômica, social e ambiental). Nesse contexto, as governanças dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do Brasil, em todos os níveis, devem abraçar ações para evoluir a renda per capita ao patamar de país desenvolvido, e simultaneamente, reduzir as desigualdades para um Indicador de Desenvolvimento Humano (IDH) digno.

Para viabilizar essas ações, é preciso atuar nos problemas mais críticos, que são sistêmicos e interconectados. Tentar solucioná-los por meio de medidas isoladas, como tem ocorrido, só agrava a cronicidade. As medidas requerem um plano transparente e de longo prazo e exigem a perda de benefícios concedidos pela governança do país a grupos de cidadãos, vinculados a instituições públicas e a empresários de alguns segmentos da economia.

O sistema político vigente no país inviabiliza o comprometimento dos ‘políticos’ com ações dessa natureza. As causas são interdependentes, entre as quais: eles (as) são eleitos (as) por uma massa votante dispersa; é crescente a quantidade de votos brancos e nulos, causada pela falta de confiança do povo nos políticos; e apenas 9,2% dos votantes têm nível superior completo. Vale ressaltar ainda que os políticos não se interessam em aprovar o modelo de voto distrital, entre outras reformas políticas.

Em evento recente, ocorrido na Harvard University, que homenageou o educador Paulo Freire, o cientista americano Noam Chomsky, autor de inúmeros livros sobre educação e cidadania, fez uma afirmação contundente. Disse que os governantes dos países mergulhados em casos de corrupção não querem que o povo desenvolva as competências e habilidades para a análise crítica de problemas e a construção de uma cidadania consciente com o objetivo de liderar causas para um país digno.

Nas campanhas políticas, os candidatos prometem tudo o que o povo deseja. Quando eleitos, apostam na máxima ‘o povo tem memória curta’ e ignoram as promessas. Assim, um círculo destrutivo se consolida no país e provoca a fuga de capitais e cérebros, como os indicadores comprovam. Mudar o triste cenário para que o país cresça, de modo sustentável,é uma causa que os (as) brasileiros(as) devem abraçar. Mas a mudança ocorrerá apenas se soubermos escolher, com visão crítica, candidatos dignos, competentes e patriotas.

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