O século atual apresenta as oportunidades e os desafios que requerem uma nova abordagem para a educação. Segundo a The Economist Intelligence Unit, a quantidade de empresas multinacionais cresceu de 3 mil, em 1990, para mais de 100 mil, em 2015, com um faturamento da ordem de 58 trilhões de dólares. Esse número tende a crescer nos próximos anos porque muitas empresas de países desenvolvidos sinalizam a intenção de ampliar a atuação nos mercados emergentes com a aquisição de empresas locais.

Para atender ao cenário vislumbrado, o sistema educacional precisa estar apto a preparar as crianças e os jovens para viver e trabalhar numa sociedade global. A abordagem do ensino deve ser transdisciplinar e compreender a educação dos direitos humanos, a educação para a paz e a educação para o desenvolvimento sustentável e para a compreensão internacional. A formação do cidadão global deve abranger o aprendizado sobre o mundo globalizado, através das redes e dos contextos globais. É fundamental que o processo ocorra desde criança, conscientizando-a sobre o senso dos direitos e das responsabilidades nas comunidades local, nacional e global, com o propósito de realizar o bem comum.
O cidadão global é o indivíduo consciente de que faz parte de um mundo maior do que a comunidade onde vive; que respeita os valores e a diversidade; compreende como o mundo funciona; protesta pacificamente; participa de grupos sociais e profissionais; e é comprometido em encontrar soluções para os problemas locais e globais. Ele quer fazer a diferença no mundo; almeja um mundo sempre melhor; é comprometido com a justiça socioeconômica; e trabalha de modo colaborativo para tornar o mundo mais igual e sustentável. O cidadão global está preparado para viver e trabalhar em qualquer lugar do mundo.

A cidadania global está associada às habilidades de observar a si próprio e o mundo, fazer comparações e enxergar as relações de poder e compreendê-las, de modo sistêmico. O cidadão global é autocrítico, criativo, proativo, empático, ponderado, com bons princípios, possui mente aberta, é questionador, fluente em Inglês e um contínuo aprendiz.

A pedagogia da formação do cidadão global deve ser centrada no aprendiz. Ela compreende o estímulo ao diálogo; ao desenvolvimento da resiliência e da competência para ação; ao estabelecimento das conexões com o mundo real; e ao pensamento e aprendizado global, com ações locais. Essas ações envolvem a preservação do meio ambiente, a colaboração para solucionar os problemas comunitários e a conscientização do povo sobre a importância da democracia e do voto responsável.

O cidadão global pode se tornar um líder global, função bastante demandada no mundo. Para colaborar com o desenvolvimento de profissionais com esse perfil, a Wharton Business School e a Thunderbird School of Global Management definiram um conjunto de critérios, após entrevistarem centenas de executivos globais.

Esse estudo classifica os critérios em quatro categorias de liderança: pensamento (julgamento, pensamento estratégico, perspectiva global); resultado (habilidade de executar planos com foco no cliente); pessoas (habilidade de influenciar e motivar, construir relações e desenvolver talentos); e pessoal (adaptabilidade e habilidade de conquistar confiança). O processo se baseia nas dimensões: intelectual (cosmopolita), psicológica (curiosidade para aprender sobre diferentes culturas) e social (empatia intercultural e habilidade diplomática).

Vamos preparar as nossas crianças e os nossos jovens para serem líderes globais e, assim, poderemos ter a esperança de construir um mundo digno.

Relacionado